quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Robert Hooke



Durante toda a Idade Média, a explicação usual do Universo baseava-se nas teorias aristatélicas, segundo as quais a Terra ocuparia o seu centro, envolvida, como uma cebola, por esferas concêntricas, de raios crescentes. A última esfera era chamada Primum Mobile (Primeiro Motor), a morada dos deuses. Estes emprestavam-lhe movimento, cabendo ao Primeiro Motor, por sua vez, impelir a esfera interior seguinte, que moveria a outra, e assim por diante, até resultar no movimento dos corpos terrestres Já que a Terra permaneceria fixa no centro do Universo).

A persistência de certezas assim tão gratuitas pode hoje parecer chocante. Com efeito, mais de um milênio se passara sem que o Ocidente trouxesse contribuição fundamental para o conhecimento do Universo. As próprias limitações econômicas do mundo medieval podem explicá-lo. Uma sociedade predominantemente rural e ainda bastante fechada sobre si própria não podia estimular os grandes raciocínios revolucionários e as grandes dúvidas. Mas, primeiro, as Cruzadas e, mais tarde, o Renascimento haviam aberto as portas do Ocidente para o resto do mundo. Ressurgiram o grande comércio e as manufaturas, que sempre têm fornecido a base econômica para o esforço científico.

Como explicar que, depois de tudo isto, homens de ciência parecessem levar a sério o Primeiro Motor, do qual não liàvia prova alguma, e se contentassem com essas explicações quase mitológicas?

É que essa persistência era até certo ponto artificial, e fruto de conveniências. O espírito de livre indagação já se difundira por todos os países mais adiantados - Itália, França, Inglaterra. Começara no plano religioso, com a Reforma protestante, e logo atingira o plano da ciência. Já em 1543, por exemplo, Nicolau Copémico, no seu De Revolutionibus Orbium, retirara a Terra do centro do Universo.

Foi essa época de novos horizontes intelectuais e de grande desenvolvimento da cultura que Robert Hooke conheceu. Com seu espírito científico apurado e uma mente aberta à aceitação de novos métodos que favorecem o conhecimento, Hooke encarna o típico cientista experimental. Considerava a experiência como a melhor forma de abordar os fenômenos naturais, a única maneira de se conhecer a natureza e o comportamento dos corpos.

Tendo se dedicado a uma gama variadíssima de assuntos, ele tocou em quase todos os campos das ciências físicas: é o criador da meteorologia científica, fez importantes observações em Astronomia, realizou trabalhos fundamentais sobre respiração e combustão, além de ser o fundador da moderna Geologia.

Robert Hooke nasceu a 18 de julho de 1635, em Fresh Water, na ilha inglesa de Wight, onde seu pai era sacristão da paróquia local. De constituição física bastante frágil, durante toda sua vida teve problemas com a saúde. Desde criança sofreu de sinusite e bronquite; mais tarde, tinha enxaquecas, má digestão (a ponto de anotar em seu diário quando encontrava uma comida que não lhe fizesse mal), insônia e, quando conseguia dormir, pesadelos.

A intensa atividade científica de Hooke talvez fosse, de certa forma, uma maneira de alcançar uma satisfação intelectual que lhe era negada no contato com as pessoas. Ao mesmo tempo, a premência de novas descobertas, de alegrias que o ajudassem a suportar seus males, sempre o levava a novos campos de pesquisa, a novos desafios. Assim, são raras as pesquisas que conduziu até o fim, tirando da experiência todas as suas possibilidades teóricas. Por isso, Hooke sobressaiu-se mais como um pesquisador em extensão que em profundidade: aparentemente, satisfazia-se com o domínio da reprodução mecânica do fenômeno, sem aprofundar-se nos fundamentos teóricos.

Desde cedo, o garoto doentio mostrou um pendor especial por modelos mecânicos e pelo desenho. Ainda menino tornou-se aprendiz de Sir Peter Leiy, o artista da corte real. Porém, o cheiro das tintas a óleo provocava dores de cabeça que o acompanharam por toda a vida, e ele foi forçado a interromper o aprendizado. Embora tivesse abandonado logo o estúdio, Hooke revelou-se posteriormente um excelente desenhista, como atestam seus trabalhos em Arquitetura e os desenhos de seus instrumentos e das observações que fazia.

(Westminster School)

Desistindo da pintura, ele passou a estudar em Westminster, onde adquiriu um razoável domínio do latim e do grego. Durante esse tempo, morava na casa do Dr. Busby, o reitor da escola, que lhe dedicou grande amizade, constituindo-se em incentivador constante de sua carreira.

(Universidade de Oxford)

Com dezoito anos o cientista ingressou na Universidade de Oxford. Porém, como não tivesse recursos para manter-se, foi obrigado a aceitar uma série de empregos humildes, até que um dia foi trabalhar como assistente de Robert Boyle. Tinha início a carreira científica de Robert Hooke.

Na casa de Boyle sempre se reunia um grupo de jovens brilhantes, que se dedicava ao mais novo campo de estudo: a ciência experimental. Hooke fez-se muito amigo de Christopher Wren e principalmente de Boyle, o que, para um jovem inglês de origem modesta, era providencial: Boyle era um homem de meios e de posição social destacada, sendo o 14º filho do Duque de Cork.

Por volta de 1658 Hooke construiu para Robert Boyle a bomba de ar que permitiu a este último enunciar sua famosa lei: "À temperatura constante, a pressão de uma dada quantidade de ar varia na medida inversa de seu volume", ou seja, mantendo-se fixa a temperatura, se a pressão de um gás for aumentada, seu volume diminuirá. Várias razões justificam a opinião de certos historiadores de que a Lei de Boyle deveria se chamar Lei de Hooke.

Se a bomba de ar elaborada por Hooke não foi o primeiro engenho deste tipo construído no mundo, seguramente o foi na Inglaterra. Como escreveu o cientista: "Eu desenvolvi e aperfeiçoei uma bomba pneumática a partir de uns projetos que foram enviados do continente para o honorável Robert Boyle, pois, se tais projetos fossem seguidos, a bomba seria tão grosseira e rudimentar que não teria grande utilidade nos nossos estudos".

Texto retirado:http://br.geocities.com/saladefisica9/biografias/hooke.htm

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